sábado, 12 de dezembro de 2015

Esculturas

Hoje vou falar de uma paixão que está enraizada na cerâmica, a escultura. Na verdade foi ela que me fez procurar a cerâmica como meio de me expressar.

Podemos utilizar a cerâmica para realizar nossos projetos, desde murais, esculturas de barro, até como base para depois levar à uma fundição e fazer a peça em bronze.


Tenho algumas peças minhas que eu gostaria de estar compartilhando com vocês.






Estas esculturas foram feitas inicialmente em argila, depois levei a peça para um fundidor que fez o molde em gesso e fundiu o bronze.


Este mural foi realizado com placas de cerâmica e colados em um painel de madeira.

Para a elaboração deste mural, eu sugiro a utilização de massa cerâmica com chamote para evitar deformações e também para deixar a peça mais resistente, e, por trás, faço ranhuras para posteriormente, quando eu for instalar, ter maior adesão à cola.

Reciclagem de argila

Quando trabalhamos com a argila, frequentemente temos sobras de massa, peças que ruíram no torno, rebarbas de acabamento... e nós temos que aproveitá-las.

As peças que ruíram no torno, tenho o costume de colocá-las em uma placa de gesso para que retire o excesso de água, aí eu amasso novamente e guardo.

Porém, às vezes temos aquela massa que ficou um pouco mais dura que o desejado para trabalhar. Costumo fatiar com um fio de nylon e dar um rápido mergulho em um pote com água, então guardo em um saco plástico até quando, eu apertando, vejo que já amoleceu.

Se amoleceu muito, coloco na placa de gesso. Há a possibilidade de você deixar secando fazendo um rolo e colocando para firmar em forma de uma arco, eu prefiro a placa de gesso.

Agora, se a massa que você vai reciclar já secou completamente, quebre tudo com um martelo, ficando um pó, acrescente aos poucos a água e deixe descansar por uns quinze dias. Para terminar de firmar... placa de gesso ou fazer um “arco”, não preciso dizer que prefiro a placa de gesso, né?

DICA
A placa de gesso você mesmo pode confeccionar, pelo menos é assim que eu faço e dá muito certo.

Eu costumo também fazer moldes simples de gesso, quando eu gosto do formato de uma bacia de plástico, por exemplo, eu a preencho com gesso preparado, porém antes eu unto a superfície com uma emulsão de meia parte de detergente e meia parte de óleo de cozinha, serve para o gesso se desprender mais facilmente depois de seco da forma de plástico.

Eu compro o pó de gesso nas papelarias mesmo e preparo como o fabricante orienta.


Boa sorte em sua jornada, espero ter te ajudado neste início de hobby que para mim se tornou uma paixão.

A massa cerâmica

Morando na cidade de São Paulo, o meu único modo de obter argila é através das lojas especializadas.

Esta argila utilizada para a cerâmica refratária é especial, não utilizamos as argilas escolares, por assim dizer.

As massas são formuladas de modo a obter características específicas possibilitando ao ceramista planejar sua peça desde o início do processo de criação. Neste sentido, é oferecido massas cerâmicas para determinadas temperaturas, com características de cores, plasticidade, retração...

Agora, se você mora fora da loucura de São Paulo e tem a oportunidade de buscar o barro bruto, terá uma característica especial e única em seu trabalho!!!

No livro Cerâmica Arte da Terra (1987), há um artigo com o depoimento de Shoko Suzuky, na qual descreve a sua trajetória de ceramista e nos brinda com o modo em que ela busca sua massa cerâmica.

O barro bruto que recolho deixo ao ar livre, sofrendo a ação do sol, chuva e sereno. Quanto mais tempo ficar exposto, melhor será. Depois de seco, eu o coloco na água para que dissolva. O barro peneirado é mais adequado para ser trabalhado. Por último, adiciono os componentes necessários para o meu trabalho, tais como: Caulim, barro com ferro, ou qualquer barro vermelho, e, às vezes quartzo.”

Ela nos ensina que cada barro possui características específicas e nós devemos “acertar o seu ponto”  com a utilização de vários testes para então utilizá-la.

Depois ela põe a massa para descansar por um ou dois meses, pois conforme ensina, é o tempo dos microorganismos agirem para deixar a massa mais plástica.

Assistam o documentário sobre o ceramista Clive Bowen, lá é possível vê-lo trabalhando, retirando argila do riacho e fazendo a massa cerâmica para suas peças, além de presenciarmos a aplicação do slipware em seus trabalhos, maravilhoso.


No livro Pottery-  a step by step guide to the craft of pottery (1994) temos diversas formulações para obter as massas cerâmicas, tais como pasta egípcia, porcelana,...há um texto que identifica os materiais que podemos adicionar na massa de acordo com as características que desejamos, rapidamente podemos ter deste texto:

Carbonato da Cálcio – é um fundente, por isto não deve ser adicionado mais que 13%, pois pode fazer com que a peça deforme ou até mesmo derreta.

Dolomita – é a combinação do carbonato de cálcio com o carbonato de magnésio, é um fundente.

Quartzo – é utilizado para reduzir a plasticidade e por seguinte a retração. Seu ponto de fusão é muito alto cerca de 1600oC.

Feldspato – é um fundente e é importante na elaboração de peças resistentes.

De modo geral as argilas vermelhas contém alta quantidade de ferro e tendem a ter um ponto de fusão em baixa temperatura, então, para que possamos levá-la à alta temperatura temos que adicionar elementos que não permitam que ela sofra colapso. Um destes elementos pode ser o chamote (argila seca que já recebeu a primeira queima). Ela confere mais resistência à peça e menor retração.

Quando compramos estas massas nas lojas especializadas já nos indicam a temperatura de queima da massa, se a massa é para baixa ou alta temperatura. Ou seja, este “acerto” já está formulado caso a massa for vermelha para alta temperatura.

Uma parte interessante neste livro é a dica das cores que podem ser adicionadas nas massas:

Azul: 0,250- 1% de óxido de cobalto

Amarelo, verde: 0,500-3% de óxido de cromo

Rosa: 1-10% de óxido de ferro

Roxo, rosa: 0,250-2% de dióxido de magnésio

Turquesa: 1-3% de carbonato de cobre

Eu ainda não testei, mas tenho para mim que há outro fator que também influenciará do resultado destas cores, o ambiente da queima do forno.

Os fornos elétricos possuem um ambiente oxidante, pois não há a combustão do oxigênio, daí as peças possuem cores mais vibrantes e homogêneas.

Quando temos uma peça que possui óxido de ferro, sua cor será verde, porém o mesmo esmalte, em um forno a gás (queima do oxigênio) além de apresentar nuances em que pode ter tido contato com oxigênio, poderá haver uma parte que não, então a cor poderá mesclar  entre verde e goiaba.

Enfim, tudo é uma questão de testes e experimentações... boa sorte!!!

ps: a referência bibliográfica dos livros estão postados no texto "livros bacanas"


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Ótimo é inimigo do bom


Acredito que tudo tem um início, uma querida e antiga chefe me disse algumas vezes que “o ótimo é inimigo do bom” e isto sempre me deixou com uma pulga atrás da orelha, kkkk, afinal não entendia se aquilo era uma bronca ou elogio, finalmente perguntei à ela o que isto queria dizer....  e é muito simples, se nós sempre tivermos como objetivo o ótimo, não conseguimos finalizar o trabalho, ou seja, não atingimos nem o bom.
Então, no primeiro momento, acredito que o bom pode ser suficiente para quem quer começar, sem grilos, ansiedade e grande investimento.

Para isto, eu espero que este Blog permita, para as pessoas que amam cerâmica, iniciar uma caminhada de conhecimento, trocando experiências e realizações, então, vamos fazer o bom?


Um modo de contornar a falta de um forno de cerâmica é fazer como eu, agora que estou recomeçando sem forno, levo para um ateliê queimar as peças e eles cobram por isto.


Porém, a confecção desta peça deve ser cuidadosa, com todas as técnicas que iremos desenvolver aqui, a massa cerâmica deve ser comprada nas lojas de produtos cerâmicos, com as temperaturas específicas da queima identificadas e, principalmente, a massa cerâmica deve ser amassada com a técnica que irei demonstrar mais à frente, pois é necessário retirar todas as bolhas de ar que a massa cerâmica possui, caso contrário a peça pode trincar e até mesmo explodir dentro do forno dando prejuizo no forno e nas peças que estão ao lado.

Então vamos fazer uma lista:

  • Massa cerâmica (verificar a temperatura da queima);
  • Fio de nylon para cortar a massa;
  • Escova de dente usada, pote de plástico com tampa para preparar uma cola que será ensinada mais para frente;


  • Uma mesa para amassar a massa, no Liceu (escola em que estudei) a mesa era de cimento queimado, porém aqui em casa eu amasso em uma mesa de madeira, apenas evite as superfícies muito lisas, tipo mesa de pedra polida, pois a massa tende a colar nestas superfícies;
  • Uma pia, mas cuidado, retire bem a massa das peças que você irá lavar, pois caso não tenha uma caixa de inspeção, poderá com o tempo entupir o encanamento;
  • Prateleiras para organizar o material do ateliê;
  • Sacos plásticos, papel tipo jornal usado;
  • Torno de mesa e discos de madeira (com o tempo você pode adquirir nas lojas de material de cerâmica);


  • Estecas específicas para a a modelagem na argila também adquiridas nas lojas de produtos cerâmicos;


  • Algumas ferramentas também podem ser feitas pela gente, minha professora do Liceu nos ensinou a utilizar os cartões de plástico (tipo cartão de crédito), podemos utilizar garfos, pedaços de sucata, rendas,... que podem ser reutilizados para fazer impressão na argila criando desenhos especiais;
  • Tenho o costume de reciclar a minha massa cerâmica para isto eu faço uma placa de gesso.
  • Placa de Gesso – O gesso pode ser comprado em qualquer loja de material de construção. Escolha uma bacia de plástico velha que servirá de molde. Esta bacia deverá ser preparada antes de receber o gesso para desgrudar sem problemas. Pincele-a com  uma pasta resultante da mistura de 50% de óleo (de cozinha) e 50% de detergente. Então, prepare o gesso como recomendado na embalagem e depois de misturado vire-o na bacia. Quando secar ele vai desgrudar da bacia e servirá de placa para secar a massa de cerâmica que iremos reciclar. Atenção, prepare o gesso de acordo com o recomendado na embalagem não coloque mais gesso que água, pois isto fragiliza o gesso, não o fortalece.




Então, deixo o convite para começar hoje a trabalhar com cerâmica, vamos juntos nesta caminhada.


 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Toxicidade na cerâmica


Os esmaltes, ou vidrados, possuem como componente principal a sílica que possui um ponto de fusão próximo a 1710oC.

Para os esmaltes de baixa temperatura é necessário adicionar um fundente que abaixe este ponto de fusão do vidrado ficando com uma temperatura de 950-1050oC, o componente mais empregado é o carbonato de chumbo, pois é altamente fundente.
O problema é que o carbonato de chumbo reage com os alimentos e liberando chumbo e contaminando os alimentos, assim as peças de cerâmica de baixa temperatura não servem para serem peças utilitárias.
Desta forma, vemos que o problema da toxidade dos esmaltes cerâmicos não atinge apenas o ceramista por ocasião da esmaltação, as peças em cerâmica também podem contaminar os alimentos.
Para as cerâmicas utilitárias temos que elaborar fórmulas de vidrados para cerâmica de alta temperatura utilizando outro fundente tal como carbonato de sódio (1263-1326oC) para que não ocorra a contaminação dos alimentos.
Mas a contaminação pode ocorrer também na cerâmica de alta temperatura, ao utilizar um utilitário lascado ou trincado, neste caso a contaminação pode ocorrer, pois há falha no vidrado e poderá ocorrer contaminação com os óxidos corantes.
SEMPRE falo para a minha família jogar fora os pratos trincados, lascados ou craquelados, pois já não há mais aquela capa protetora da sílica que nada mais é além de um vidro.
No livro Cerâmica – Arte da Terra, já mencionado neste blog, há um artigo bastante interessante de Vera H. Suplicy, na qual ensina um teste caseiro para verificação se o vidrado é tóxico.
Ela ensina a fazer um teste utilizando uma pasta:
 
  • 16 gramas de enxofre
  • 21 gramas de carbonato de sódio

Misturar os dois ingredientes e levar ao fogo baixo em um pirex resistente ao calor.
Retirar do fogo ao formar uma pasta viscosa.

Ao esfriar esta pasta irá se solidificar. Então deverá ser moído  e reservado.
O utilitário ou a cerâmica que irá ser testada deverá conter vinho branco ou vinagre branco durante 12 horas.
Em um copo de vidro transparente colocar de 5 a 10 ml deste líquido acrescentando 60ml de água quente e acrescentar uma pitada da pasta de enxofre. Caso escureça, o vidrado é tóxico e a peça não poderá ser utilizada como cerâmica utilitária.
Espero ter contribuído com estas dicas, e por favor, façam uma campanha junto aos seus familiares de jogar fora os utilitários desgastados, craquelados, lascados....são um perigo para a saúde!!!!
 

 

sábado, 3 de janeiro de 2015

Onde comprar os materiais para montar o ateliê



Uma dificuldade comum quando estamos começando (ou recomeçando) é saber aonde comprar os materiais.
Quando eu comecei há vinte anos atrás, as lojas não forneciam tantos produtos como hoje, naquela época íamos ao gasômetro comprávamos pranchas de compensado naval para fazer nossas placas de trabalho e, nossa, era uma quantidade imensa, pois tínhamos que comprar um placa imensa e cortar nos tamanhos desejados.... hoje compramos apenas as placas que necessitamos nas lojas de produtos cerâmicos... acho ótimo.
Como estou recomeçando não tenho muitos endereços ainda para fornecer... mas duas das lojas que eu costumava comprar ainda existem:
        
         Arte Brasil - www.artebrasilmateriais.com.br
         Telefone: 11 5549-3900 e 2578-8739
         Esta loja tem vários produtos para montar o atelie

         Hobby Cerâmica - www.hobbyceramica.com.br
         Telefone: 11 5183-5892
         Nesta loja, em especial, gosto de comprar os produtos                    para a formulação de esmalte

          Pascoal - www.pascoalmassas.com.br
Telefone: 11 5071-0011
 Esta firma fabrica e vende massas cerâmicas


 J. Ricardo - http://www.jricardo.com.br/p-maqtorno.html
 Telefone: 11 3743-4805
 Fabrica torno de cerâmica, maçaricos, fornos, tive uns  fornos de Raku, em tijolo refretário, em que solicitei   uma  tampa especial para facilitar o manuseio, ele fez


Bem, espero ajudar vocês em começar, ou recomeçar, nesta arte(terapia) kkk que a cerâmica é para mim, aguardem os próximos posts com mais dicas
Até lá!!!